7.9.12

A Europa mudou ontem, em Frankfurt? Passos Coelho que não se aggiorne e vai ver

Ontem David Dinis recordou na sua página de Facebook um debate entre Passos Coelho e António José Seguro no qual o actual líder do Primeiro-Ministro disse estar contra a lógica da intervenção que agora assume o Banco Central Europeu e que o líder do PS defendia. Na verdade, a decisão do BCE - que os mercados estão a aplaudir - é tardia, é insuficiente, mas é contra o Bundesbank e, finalmente, é um passo no caminho oposto ao do austeritativismo despido de quaisquer precauções e redes de protecção a países frágeis a que a direita europeia nos tinha vindo a condenar desde o dia em que, como dizia José Sócrates, o mundo mudou.
A viragem de Frankfurt pode ter muitos efeitos positivos. Mas tem também um efeito imediato que faz dela uma viragem no debate político português. Pela primeira vez desde o início da crise do euro temos uma medida europeia sintonizada com a estratégia de António José Seguro e do PS e que remete Passos Coelho para a oposição às decisões do mainstream europeu.
A Europa não virou à esquerda, mas se o nosso Primeiro-Ministro continua tão colado a Merkel ainda se arrisca a perder as graças do BCE, da Comissão europeia e, em Setembro de 2013, do novo governo alemão. Wishful thinking? Veremos.

1 comentário:

Antonio disse...

Mais do que a Merkel, a posição do Primeiro-Ministro português parece-me ligá-lo a Jens Weidman e o grupo mais conservador na coligação alemã (incluindo o LDP), de que a Chanceler se distanciou esta semana, secundando propostas de Mario Draghi. Para chefe de governo um governo na Europa do Sul a posição de P.P.Coelho é incompreensível nos dias que correm. Sem a nova política de intervenção gizada pelo BCE, a Espanha irá/iria entrar em incumprimento e pedir um bail out, situação que irá/iria fazer descarrilar o gelatinoso equilíbrio orçamental português. Masoquismo, irresponsabilidade? Credível não é.