29.11.12

A Grécia provou que os memorandos de entendimento não estão escritos na pedra. E isso incomoda alguns.

Há dois grupos de pessoas incomodadas com o sucesso negocial da Grécia com a troika, pelo mesmo motivo. Os gregos, depois de muitos erros e hesitações conseguiram suavizar seriamente as condições do seu - e do nosso - resgate. Com isso, provam que nem a troika é um rochedo incontornável que tem que ser destruído à bomba nem ir além da troika é a estratégia mais inteligente mesmo para quem raciocine no quadro austeritativo que domina o BCE, a Comissão Europeia e o FMI.
Quanto já podiamos ter melhorado o nosso Memorando de Entendimento se não tivéssemos no governo alguém que mal consegue disfarçar que não gostou das notícias que implicam uma descida substancial dos juros que pagamos, entre outras vantagens para o país? Quanto do actual risco de destruição dos difíceis equilirios sociais do país teria sido mitigado se o PCP e o BE não tivessem lutado de braço dado com o PSD e o CDS em 2010 e 2011 pelo derrube de Sócrates, fazendo o papel de idiotas úteis aos nossos actuais refundadores? Os PEC podiam - e deviam - ter sido diferentes e melhores, mas este memorando precisa de ser refundado e não apenas retocado. Infelizmente, tal só será possível se e quando o país mudar de maioria. Vamos ver quem se alista para essa mudança e quem vai querer continuar, pela direita e pela esquerda, a defender que quanto mais fundo chegar a nossa crise, melhor para a sua vontade de refundar o país.

3 comentários:

Francisco Clamote disse...

Aplausos, Paulo.

Anónimo disse...

Gostava de ter a tua esperança na maioria alternativa.

P.

Manuel Galvão disse...

A Grécia (ao contrário de Portugal) tem condições para sair do euro e, de seguida, não pagar nem mais um cêntimo da sua dívida. É este cenário que faz a Sra. Merkel ter pasadelos.