João César das Neves que divulga entre nós o mal que Voltaire fez à liberdade está bem acompanhado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Este último, diz o Miguel Carvalho, proibiu o uso da marca "Memórias de Salazar" por conter "elementos susceptíveis de pôr em causa a ordem pública".
Com a mesma veemência com que discordei da ideia de uma autarquia criar um vinho Salazar, defendo o seu direito a fazê-lo e repudio intervenções administrativas como a do INPI. No fundo, a proibição da marca e o fundamento invocado provam que Salazar está vivo em muitos corações e Voltaire não fez tanto mal aos portugueses quanto devia.
3 comentários:
Pessoalmente considero uma provocação grosseira à democracia a homenagem ao ditador.
Quem teve amigos presos, fez a guerra colonial e viu morrer companheiros não aceita facilmente manifestações fascistas.
Concordo com o Carlos Esperança na discordância da homenagem ao ditador pela Câmara Municipal de Santa Comba Dão. Acho, contudo, que o registo de marcas não tem nada que ver com a discussão da bondade ou maldade política da iniciativa da autarquia em questão e muito menos pode usar a intranquilidade da ordem pública. O abuso dessa limitação à liberdade é por natureza anti-democrático. Como diria Voltaire, devemos estar dispostos a morrer pelo direito dos outros a dizer aquilo de que discordamos em absoluto.
A azia que ainda consegue fazer um simples nome num rotulo de garrafa de vinho. O artigo que foram buscar para negar o produto é uma comédia.
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