10.5.10

Enquanto Portugal se divide entre futebol e Fátima, finalmente há Europa.

Esta noite não foi fácil ter notícias do que se estava a passar fora do eixo Luz-Marquês, mas o dia da Europa de 2010 pode vir a ficar na história da União Europeia como a data de um grande impulso na integração económica da ZOna Euro.
Finalmente, após muitos meses de Europa a olhar para o lado, de muita pressão sobre a Grécia, que começou a transbordar para Portugal e Espanha e chegaria rapidamente à Irlanda, pelo menos, há uma iniciativa digna do nome a ver a luz do dia.
Nos últimos meses, a Europa mostrou a sua pior face, a de um espaço onde nada se decide em tempo e todos tentam até ao limite fazer de conta que nada é com eles.
Hoje, se tudo acabar em bem, finalmente a Europa contra-atacou o ataque especulador sobre o Euro que dura há meses e ameaçava intensificar-se. Pode sempre argumentar-se que a criação de um "fundo monetário europeu" vem apenas suprir uma lacuna no desenho institucional do Euro. Mas a sua criação demonstra o lado bom da Europa, a capacidade de dar saltos em frente no último minuto.
Por isso, enquanto Portugal se divide entre futebol e Fátima, finalmente há Europa a lançar uma operação a que o Financial Times justamente já chamou uma mensagem de choque e pavor aos mercados:

Germany, France and the eurozone’s 14 other countries looked set on Sunday night to deliver the “shock and awe” message to financial markets that had eluded them ever since the Greek debt crisis exploded last October.

In an initiative that far exceeded any measure announced by European governments over the past seven months, eurozone finance ministers were preparing to commit their nations to a €500bn ($644bn, £436bn) emergency facility to protect the euro area from potential disaster.
The emergency measures consist of a €440bn programme of government-backed loan guarantees for any eurozone country facing serious debt difficulties, and a €60bn increase in a balance of payment facility.

Only eurozone governments will contribute to the first element of the plan. All 27 European Union states will contribute to the second element.

2 comentários:

MFerrer disse...

A ser verdade e com uma governance correcta começamos a ver alguma organização económica nesta UE. Alguma integração que tem que ser acompanhada por uma divisão e um planeamento da produção.
Não há equilíbrio se uns produzirem e outros apenas puderem consumir.

Francisco Tavares disse...

Não são conhecidos dados. A imprensa não tem noticiado. Mas o que se pressente é que produção de bens consumida pelas grandes economias da UE como a Alemanha, e talvez a França, se esteja a deslocalizar para países que, recentemente, aderiram à UE, como República Checa, Polónia, Roménia, etc. A proximidade desses países da Alemanha levará os investidores a preferi-los. A vaga de desemprego em Portugal e, sobretudo em Espanha com taxas perto dos 20%, indicia que assim pode ser(para onde terá ido a Qimonda? e a Rohde?). A Moody's, uma das célebres agências de notação financeira, já anunciou que a economia portuguesa enfrenta a ameça da estagnação. É possível que esteja a pensar nesta vaga de deslocalizações.
A Europa tem pois que encarar e resolver os problemas das regiões periféricas, deprimidas, pelo aparecimento de novas centralidades económicas. E não simplesmente obrigar essas regiões a uma maior pobreza, cortando prestações sociais, que são absolutamente necessárias.