"Tenho consciência que para servir bem o país precisamos de ter um acordo com o PSD, por forma a que as medidas sejam aplicadas e tenham credibilidade externa. Acontece que tenho um Governo de maioria relativa e preciso do apoio dos outros partidos", disse José Sócrates na RTP.
Esta é a frieza dos factos. E, infelizmente, "outros partidos" é eufemístico enquanto nenhuma força da esquerda à esquerda do PS se converter à visão europeia do país e nela não emergir nenhum equivalente português de Joschka Fischer.
Tudo isto resulta num paradoxo, segundo o qual quanto mais o eleitorado votar à esquerda do PS mais este está condenado a governar ao centro ou, em alternativa, a deixar o país ser governado pela direita. Em tempo de crise, o governo minoritário sem acordos estratégicos com ninguém - a que já chamei governo-mendigo - é uma ilusão.
Evidentemente, quem quer de Portugal compromissos firmes não compra essa ilusão. É, infelizmente, bloco central nas questões decisivas para o país, com ou sem distribuição de pastas, pouco importa, ou nada. Quem não se conformar com isto, é melhor que vá começando a pensar se se pode desbloquear a esquerda em Portugal e por que lado. Seguramente não irá a esquerda a lado nenhum enquanto os interlocutores do PS forem aqueles que vivem sonhando com o momento mítico em que ultrapassarão os socialistas cá dentro e em que haverá lá fora uma Europa neosoviética ou anticapitalista e alterglobalizada.
Alguém lhes explica que o país tem que ser governado por quem obedeça ao princípio da realidade? Sê-lo-á, infelizmente menos pela esquerda do que eu gostaria, mas felizmente mais pela esquerda do que se tivessemos que viver com uma aliança Passos Coelho-Paulo Portas.
7 comentários:
Infelizmente, à esquerda ainda se deve pensar que o progresso e o desenvolvimento, ainda se conseguem através da ditadura do proletariado.
As revoluções pela força mostraram que não são efectivas. Costumam descambar para a autocracia e a ditadura.
Assim, o caminho mais eficaz é dotar os cidadãos de mais conhecimentos e de melhores qualificações, enfim, melhorar o sistema de ensino.
O progresso e o desenvolvimento económico que criam bem-estar conseguem-se quando o sistema produtivo usa métodos e ferramentas inovadores e aperfeiçoados, só possível com pessoas qualificadas.
Quando a esquerda toda compreender isto, então será possível avançar e progredir em direcção a uma sociedade mais justa.
Bom dia,
Paulo não posso deixar de concordar com tudo o que disse,e pensar que agora é hora de unir e enfrentar toda a situação adversa que nos envolve no entanto e como já fez alusão o António José Seguro devemos saber o que nos conduziu a esta crise...Quanto à questão do Bloco e Do PC a história é desde sempre a mesma a irresponsabilidade de quem nunca assim será governo..., No entanto para sermos justos nós PS e o PSD somos quem desde sempre governou e na minha opinião quase sempre mal....daí ter que ser o bloco central a tentar endireitar o que porventura entortou...
Saudações socialistas
Dizer "de esquerda" este PS, é mesmo ver o argueiro no olho do outro sem que se veja a trave no nosso.
Desde que Sócrates tomou o poder que PSD e PS apenas diferem na sigla e por uma letra. Não assumir isto até pode ser compreensível, afinal é o seu partido, mas não é aceitável.
Enquanto o PS permanecer uma fraude política, não vê um único voto desta casa. E a minha não é a única casa a pensar nestes termos.
Temos pena, mas preferimos o branco ao nulo.
O grande problema da esquerda leninista e estalinista é pensar que o bem da humanidade é a revolução e a ditadura do proletariado. Entretanto "quanto pior melhor" é o seu lema. Declara que todos os partidos que estão à sua direita são todos de direita, sem apelo nem agravo, sem se sequer se dar ao trabalho de estabelecer nuances.
As revoluções já nós sabemos como terminam. Com a usurpação do poder pelos revolucionários e o estabelecimentos de ditaduras.
Entretanto, o BE vive na ilusão. Pensa que ali, ao virar da esquina, está o cavalo branco que o levará ao poder. Pode esperar sentado. Só que não é esse o problema. O problema é que essa ambição desmedida está a sacrificar o interesse geral do país. Isso é que é uma pena.
Pedro,
Acho este post muito mais «resignado» do que é habitual em si. Percebo o realismo, mas não seria de esperar que o PS tivesse feito, neste momento, «algo (um pouco mais) de esquerda», para recordar moretti? E não um pacote desenhado em cima do joelho porque se esteve á espera que Bruxelas a isso obrigasse?
Meu Caro Paulo Pedroso,
Fiz link para "A Carta a Garcia".Trata-se de um post excelente.
Abraço,
OC
Paulo,
Só agora vi que lhe chamei «Pedro»... Sorry!
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