15.3.12

É urgente tornar os chineses 'gente como nós', diz um amigo sinólogo

How would a Chinese superpower treat the rest of the world? Anyone wanting to peer into the future could start by looking back at the past — or, at least, at the official version of China’s past. The message is not reassuring. China’s schoolchildren are being taught a version of history that is strongly nationalist. The official narrative is that their country was once ruthlessly exploited by rapacious foreigners. Only a strong China can correct these historic wrongs.

Há semanas, conversando do outro lado do mundo sobre o papel da China como potência global, o meu interlocutor e amigo zurzia fortemente a teoria da "diferença chinesa" com que muitos de nós revestem de discurso politicamente correto a tolerância para com a ditadura de mercado que vai crescendo sobre as potências do capitalismo democrático. Agora, a pretexto do artigo de Gideon Rachman, no Financial Times, cujo início acima reproduzo, volta à carga. Escreve ele e eu ofereço:

 Depois da nossa conversa sobre a China, encontrei este artigo que vai ao encontro das nossas especulações. Concordo integralmente com a tese do artigo porque é urgente tornar os chineses 'gente como nós', no Ocidente, para aumentarmos as probabilidades de desenvolvimento pacífico das relações Ocidente-Ásia e de solução pacífica negociada dos diferendos crescentes que se esperam quando os recursos do planeta nos parecem (e parecerão) encolher espantosa e rapidamente nas próximas décadas. A fuga a-maoísta da China à autocrítica é lamentável e preocupante. A meu ver, é apenas comparável à fuga do Ocidente comercial à auto-crítica política e diplomática (não basta académica) pelo uso da ópio-dependência como instrumento comercial de subordinação, impondo-a à China, a partir de 1839, à força de bombardeamentos navais e realizando a destruição metódica de um sistema social e político seculares numa escala continental no período vertiginoso de uma vida (70 anos). Sendo a humanidade narcísica e territorial, é difícil fazer a China 'perdoar e esquecer'. Mas enquanto a humilhação durar é mais fácil para o establishment chinês (presente ou um nacionalista extremista que se siga ao colapso desordenado do actual) manipular esse sentimento e gerar mobilizações xenófobas e bélicas, que atrasariam mais a aderência da população chinesa a modelos de sociedade aberta.

1 comentário:

fec disse...

uma das teorias mais interessantes que ouvi recentemente é que o que se passa na europa é uma deseperada tentativa da alemanha para germanizar competitivamente a europa para esta poder competir com china.

nesta teoria, a unica potencia mundial capaz de contrariar a hegemonia competitiva mundial da china em termos de comércio mundial (e de domínio mundial?) seria a alemanha e esta não tem actualmente uma dimensão que lhe permita contraria essa hegemonia.

Nesta perspectiva, as crises austeritárias da Europa correspondem uma chinesiação/germanização dos países menos competitivos da europa para os tornar parte do "espaço vital" (e não utilizo esta expressão por acaso) alemão

se esta teoria tiver alguma validade, tenho que admitir que prefiro um mundo dominado por uma alemanha democrática do que um mundo dominado por um pais "social-fascista" (no verdadeiro sentido do termo independentemente da conotação folclórica maoista que lhe está associado) em que, por exemplo, impera a pena de morte em larga escala e em que os condenados à morte são préviamente condenados/entrevistados na televisão em prime time, num reality show apoiado pelo governo para gáudio das massas.