4.5.09
O pior cenário à excepção de todos os outros menos um
Jorge Sampaio juntou hoje a sua voz ao grupo dos que não diabolizam uma coligação PS-PSD se a situação do país o tornar necessário.
O coro de reacções que gerou é normal,dado que já estamos quase em campanha eleitoral e é o momento de cada força mostrar o que a separa de todas as outras.Mas há um problema de fundo na governabilidade de Portugal, que persiste.
A conjugação do nosso sistema partidário com o nosso sistema eleitoral e a nossa história política diz que há, em princípio, dois partidos que podem aspirar a maiorias absolutas (PS e PSD), apesar de o sistema ser proporcional; que o bloco eleitoral da direita consegue formar coligações estáveis e que o bloco da esquerda tem uma fractura insuperável entre o PS e os restantes partidos. Pelo que, quem apostar em governos estáveis pela esquerda, sem tentações limianas, das três uma: ou dá maioria absoluta ao PS, ou espera que PS e PCP ou BE superem a fractura que os divide, ou aceita uma coligação PS-PSD. Ou, então,prefere entregar o governo ao PSD e ao CDS.
Francisco Louçã veio agora dizer que a coligação PS-PSD seria a pior de todas as soluções. O PS decidiu já há algum tempo dizer aos portugueses que não comentará nenhuma alternativa à maioria absoluta até às eleições. A mim, a coligação PS-PSD parece-me o pior cenário à excepção de todos os outros menos um: maioria absoluta do PS, que tantos receiam mas para a qual ninguém à esquerda tem alternativas viáveis.
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